A contratação e apresentação de Eberechi Eze no Arsenal se podem traduzir numa palavra: amor. O inglês reforçou o clube do coração, depois de estar ligado a uma mudança para o Tottenham, eterno rival dos “gunners”. Toda a narrativa criada à volta da transferência, inclusive o anúncio aos torcedores, nas redes sociais ou em pleno gramado, baseia-se na paixão de um jogador por um clube.
Ficou público desde criança que Eze é torcedor do Arsenal. O jovem de Londres falou que tinha Thierry Henry como ídolo e numa entrevista aos meios dos “gunners” a lenda francesa enviou-lhe uma mensagem em vídeo. Ficou na cabeça a reação do inglês. “Às vezes estragamos as coisas com palavras. Só sentir. Ele tem uma estátua à porta do estádio”.
Muitas vezes vemos os jogadores a dizerem que gostam de um clube para parecer bem, mas no caso de Eze o sentimento pelo Arsenal transparecia no olhar. A reação foi certeira, emocional e ainda pela voz da criança que via os jogos pela televisão. Agora é ele o protagonista.

No anúncio da contratação, Ian Wright aborda as questões retóricas, aquelas que não precisam de resposta, e volta a tocar no ponto de que, por vezes, não precisamos de palavras para que algo seja explicado. Eze “responde” a uma série de questões colocadas pela lenda do Arsenal com um “obviamente”.
Não é preciso perguntar a Eze o sentimento que ele tem ao representar o clube de coração. É simples de entender se está feliz, orgulhoso ou se concretizou o sonho. “Obviamente”, diria-nos.
Agora, porque levanto este tema?
Sinto que no futebol moderno vai-se perdendo cada vez mais o amor a um clube. Vemos jovens a trocar o clube do coração pelo dinheiro da Arábia Saudita, ou craques a mudarem-se para o rival como se nada fosse. Já não há aquela mística do antigamente, aquela garra de defender um escudo como se a tua vida dependesse disso.
Talvez, de vez em quando, vão aparecendo casos destes. Eze é, sem dúvida, um deles. não é por simpatizar com o Arsenal que esta transferência me toca, mas sim por entender que há um jogador a estar onde sempre quis, outrora um miúdo com um sonho.
E agora, do lado de quem apoia o Arsenal em Portugal, quero acreditar nos rumores em que Eze terá ligado a Mikel Arteta para saber da possibilidade de se transferir para o Arsenal, porque a mudança para o Tottenham estava quase finalizada.
Só espero que o adulto do hoje orgulhe a criança do ontem.