O fecho do mercado de transferências levou-me a recordar algumas movimentações desta janela de verão europeia e há um nome que não me sai da cabeça: João Félix. Sempre gostei do miúdo, devo ser dos poucos crentes que achava até há um
mês que ainda ia cumprir todo o potencial que lhe foi atribuído em 2019, quando conquistou o Golden Boy. Por isso, e sobretudo enquanto português, fiquei triste quando o vi a ir para a Arábia Saudita, como fiquei com todos os portugueses que para lá foram… enfim, o dinheiro!
Mas o caso de João Félix, daqueles que parecem quase enigmáticos no futebol, fez-me revisitar a carreira dele e apercebi-me que os últimos dois anos foram de loucos para o talentoso atacante.
Vamos por partes para ser mais fácil, com um bocadinho de contexto. Em janeiro de 2023, após um período conturbado no Atlético Madrid, é emprestado ao Chelsea, sem sucesso. Segue-se novo empréstimo ao Barcelona no verão de 2023, com
algum impacto, mas abaixo do esperado. Um ano depois, é transferido a título definitivo para o Chelsea. Se eu fosse o Carlo Ancelotti, franzia a sobrancelha, mas como não sou, estranhei apenas. O tempo provou-me certo e em janeiro de 2025 foi emprestado ao AC Milan, onde encontrou Sérgio Conceição. Pensei que com o treinador feroz, no bom sentido, que é Conceição, que fosse o casamento perfeito, mas o divórcio foi assinado no final da época.
Bem, vamos respirar um pouco que isto foi muita informação. Imagine-se para um futebolista, não é?
Ok, mais tranquilos? Prossigamos. João Félix depara-se no verão com uma situação complicada. Não, não estou a falar das férias, das saídas à noite, ou das discussões com pessoas aleatórias junto a discotecas. Mas sim do regresso ao Benfica. Parecia tudo encaminhado, finalmente voltar a casa! Será que ia relançar a carreira? Que espetáculo!
Ups, não.
Eis que, passados pouco mais de dois (!) anos desde o primeiro empréstimo ao Chelsea, João Félix atende a chamada de Cristiano Ronaldo e assina, a título definitivo, pelo Al Nassr.
Que treta! Mas a reflexão deste fatídico artigo de opinião é a seguinte: como é que um jogador cuja carreira já estava instável iria reerguer-se com quatro passagens por três clubes diferentes, em três países distintos?
O que vai na cabeça destes jogadores ou, pior, na de quem os aconselha? Ou então, o ideal mesmo é ir atrás do dinheiro. Sim, porque o Atlético Madrid já não pagava pouco a Félix… e certamente que o Chelsea ainda mais pagou!
Pois bem, se este era o principal fator motivacional do avançado, agora está que nem o tio patinhas: a repousar numa cama com os milhões e milhões e milhões e milhões de euros que recebe na Arábia Saudita. Pessoalmente, parece-me que
desistiu. Já não é aquele miúdo que se emocionou a vestir a camisola do Barcelona, ou que chorou após fazer um hat-trick pelo Benfica na Liga Europa.
Desejo-lhe o melhor, porém, ainda tenho uma camisola do Atlético de Madrid com o seu nome.








