Rodrigo Mora tem apenas 18 anos e só na temporada passada estreou pela equipe principal do FC Porto. Porém, no início da atual temporada teve uma oportunidade de ser transferido para a Arábia Saudita, o que não se consumou. O motivo não interessa. Em sentido contrário, Roger Fernandes, de 19 anos, trocou o Braga pelo Al Ittihad, o mesmo clube que queria contratar Mora. Com muita pena minha, confesso.
A realidade é que já não tenho paciência e, sinceramente, não quero bem saber da Arábia Saudita e dos milhões que oferecem a jogadores. Tirando Cristiano Ronaldo e mais um ou outro exemplo, parece que todos vão para lá apenas para ganhar um bom dinheiro e regressar ao futebol a sério passado dois anos! E ainda bem, ao menos que seja assim.

Mas a ida precoce de um jovem talento para a Arábia me deixa frustrado, não vou mentir. Roger Fernandes estreou pelo time principal do Braga aos 15 anos e, desde aí, foi sempre evoluindo, tendo captado atenção de clubes da Premier League, por exemplo. Com o mundo do futebol aos seus pés, um talento incrível e uma ética de trabalho, aparentemente, boa, por que ir já para o Médio Oriente?
Eu entendo que o dinheiro fala alto, sobretudo para quem veio de uma família pobre da Guiné Bissau. Mas para um jovem de 19 anos, faz assim tanta diferença receber 10 milhões de euros por época na Arábia Saudita, ou 4 milhões noutra liga qualquer de topo? Ou até em Portugal? A ambição desportiva não existe? Ou Roger acha que vai-se tornar o mesmo jogador a competir numa liga de baixo nível (sim, não concordo com CR7) do que iria se continuasse na Europa?
Já Rodrigo Mora acabou por não ir. O motivo não sabemos, não penso que tenha sido o jogador a recusar… mas quero acreditar que sim, pelo bem do futebol. Fiquei feliz! É, talvez, o maior talento que Portugal tem neste momento, e desperdiçar o início da evolução profissional com 18 (!) anos na Arábia Saudita seria um crime.
Mas eu disse que não tinha paciência para os milhões sauditas. É verdade. Também é verdade que, com todo o respeito, não quero bem saber das carreiras individuais dos jogadores. Calma, isto não é um contrassenso. Passo a explicar o porquê deste artigo de opinião preenchido por críticas.
A mim importa-me bastante o futuro da seleção portuguesa. E quando penso nisso há três nomes que me saltam à vista: Quenda, que vai para o Chelsea; Roger Fernandes, nas arábias, e Rodrigo Mora. Ter dois dos três maiores jovens talentos na Arábia ia-me partir o coração.
Não acredito que iriam atingir o mesmo nível enquanto futebolistas e ninguém me faz acreditar que o João Félix ou o João Cancelo sejam os mesmos jogadores de quando estavam no topo da Europa.
Por isso, e com a seleção em mente, obrigado Rodrigo Mora. Que Roger Fernandes apenas vá para a Arábia de férias uma época.