A disputa da Copa Rio de 1951 segue sendo um dos assuntos mais polêmicos do futebol brasileiro, principalmente pelo debate nacional em torno do reconhecimento do título mundial que os torcedores do Palmeiras garantem ter, coisa que todo mundo discorda. Campeão do torneio, o clube alviverde até tentou ser reconhecido pela FIFA como “campeão mundial”, mas, como a entidade nunca validou esse pedido, se tornou motivo de chacota, com direito a musiquinha tirando sarro.
Mas, antes de tudo, o Camisa 12 vai contextualizar todas as informações da Copa Rio de 1951, desde sua criação até os resultados que consagraram o Verdão como o vencedor final da competição. Com base nisso, você decide de qual lado escolherá.
A ideia de criar um Mundial de Clubes surgiu da própria FIFA, no início dos anos 1950, por conta do relançamento da Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil, depois de um longo tempo interrompido por conta da Segunda Guerra Mundial. Ou seja, a entidade queria suprir os anos que a competição ficou parada e, para que o futebol voltasse a ser “moda”, estava imaginando a criação de uma nova competição, mas, desta vez, com clubes e não seleções.
Contudo, quem decidiu desenvolver a disputa foi a Confederação Brasileira de Desportos (CDB), entidade que comandava o futebol brasileiro antes da CBF. Nomeada como Copa Rio Internacional, a competição foi estruturada para ocorrer em julho, tendo como objetivo reunir apenas agremiações campeãs dos países que participaram da Copa do Mundo entre seleções.

Na época em que inventaram criar esse novo torneio, vários jornalistas questionaram ao então presidente da FIFA, Jules Rimet, sobre qual seria o envolvimento da entidade na preparação do campeonato, e, de imediato, ele respondeu que não estavam colaborando. Contudo, no ano seguinte à realização da Copa Rio, o próprio Jules Rimet concedeu uma entrevista ao jornal Sports, declarando que a criação e organização de uma competição não precisaria de um aval oficial da FIFA, principalmente quando se trata de um torneio disputado por clubes.
Na época, o objetivo da CDB era evitar que os brasileiros perdessem o encanto pelo futebol, principalmente após a final da Copa do Mundo de 1950, quando perderam por 2 a
1 para o Uruguai, em pleno Maracanã lotado, e que até hoje é conhecida por “Maracanazo”, a segunda maior vergonha da Seleção Brasileira, já que a primeira foi o 7 a 1 para a Alemanha, no Mineirão, na semifinal de 2014.
De forma independente, a CBD enviou convites para as equipes que eles gostariam que participassem, distribuindo-as em dois grupos:
Grupo Rio de Janeiro: Vasco da Gama, Áustria Viena (AUT), Nacional (URU) e Sporting
(POR).
Grupo São Paulo: Palmeiras, Juventus (ITA), Nice (FRA) e Estrela Vermelha-SRB.
Após toda a disputa da fase de grupos, Palmeiras, Vasco, Juventus e Áustria Viena avançaram às semifinais e, após os confrontos, sobraram apenas os italianos e paulistas, que garantiram vaga na grande final e decidiriam o título.
Decisão
A grande final da Copa Rio de 1951 foi disputada entre Palmeiras e Juventus, com jogo de ida e volta, com um leve favoritismo por parte da torcida para o time brasileiro. Por que será, hein? No primeiro confronto, o Verdão venceu por um placar simples de 1 a 0, mas o bastante para garantir a vantagem do empate para a partida de volta. E parece que os paulistas estavam dispostos a conseguir esse resultado, visto que o segundo jogo terminou em 2 a 2, agremiação alviverde consagrada a campeã da primeira edição do torneio.
Na época, a imprensa brasileira destacava o grande feito do Palmeiras, frequentemente se referindo ao clube, em suas manchetes, como “campeão mundial”. Muitos desses veículos de comunicação chegaram a considerar o título alviverde como o maior feito do futebol nacional, superando até a conquista do Vasco, em 1948, quando o Cruzmaltino venceu o Campeonato Sul-Americano de Campeões.
Passada as comemorações, chegou a época do Palmeiras lutar para ser reconhecido como campeão mundial, já que, para muitos, a Copa Rio de 1951 foi a primeira Copa do Mundo de Clubes da história. É importante ressaltar que o Verdão tentava desde 2001.
Os dirigentes alviverdes tentaram dar “uma cartada” em março de 2007, apresentando um fax enviado e assinado pelo então secretário-geral da FIFA, Urs Linsi, ao presidente da CBF na época, Ricardo Teixeira. No documento, a entidade reconhecia a edição da Copa Rio organizada em 1951 como a primeira versão de um Mundial de Clubes. O Palmeiras chegou a comemorar (novamente) este feito e anunciou novas festas pela confirmação, mas a alegria tinha data de validade.
Por conta da repercussão do caso, onde outras equipes buscavam um reconhecimento semelhante e temendo que a situação se alastrasse e gerasse mais pedidos, foi decretado que o reconhecimento estava suspenso, e, mais uma vez, o Palmeiras
precisaria correr atrás do seu tão sonhado título mundial. Mesmo com todos esses pedidos, dossiês, documentos comprovatórios, a FIFA não considera oficialmente a Copa Rio de 1951 como um Mundial de Clubes, nos moldes que eram disputados até 2024.
Mudança da FIFA
Recentemente, a FIFA decidiu fazer uma reclassificação no antigo formato do Mundial de Clubes como “Intercontinental”, o que afetaria todos os clubes que já conseguiram vencer a competição entre vários clubes do planeta. A entidade máxima do futebol oficializou a atual Copa do Mundo de Clubes como a única competição válida para definir o campeão mundial. Por conta disso, apenas o Chelsea, vencedor da edição de 2021 e concorrente
do novo torneio, foi declarado como o primeiro e, até o momento, único campeão do novo formato.
Com a mudança, os torcedores palmeirenses possuem a chance de retribuírem as zoações dos adversários, visto que agora nenhum time brasileiro conseguiu conquistar o mundo (pelo menos por enquanto).
Com isso, você, torcedor palmeirense, já comece a fazer a lei da atração e a se preparar para mais uma possível festa para comemorar o título mundial. Mas é importante sempre lembrar: NÃO DEIXE DE ACOMPANHAR O CAMISA 12.